Crianças
pobres se alfabetizam mais tarde que as ricas, diz economista
Desafios da
alfabetização estão em debate nesta segunda em São Paulo
Publicado em 10/06/2019 - 16:52
Por Ludmilla
Souza - Repórter da Agência Brasil São Paulo
Mais da
metade das crianças brasileiras chegam ao final do 3° ano do ensino fundamental
sem saber ler e compreender textos variados, o que prejudica o aprendizado dos
demais componentes curriculares nas diferentes etapas de formação. É o que revela a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA 2015). Este e outros desafios do século
21 na alfabetização estão sendo debatidos hoje (10) pelo Instituto Ayrton
Senna, que reuniu educadores e especialistas na área para apresentar possíveis
caminhos e políticas públicas para que crianças e jovens tenham oportunidade de
desenvolver todo seu potencial.
No Brasil,
crianças pobres se alfabetizam um ano mais tarde que as mais ricas, diz o
economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros - José Cruz/Arquivo/Agência Brasil
O economista-chefe
do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros, apresentou um
diagnóstico da alfabetização no Brasil, no qual um dos dados preocupantes é que
crianças pobres se alfabetizam um ano mais tarde do que as ricas. "No
nosso sistema educacional, a alfabetização desnivela o ponto de partida, o que
é péssimo para quem acredita que a educação é a base para construir uma
sociedade mais igualitária", afirmou Barros.
Para o
economista, o analfabetismo tem grande impacto enorme sobre o que acontece no
dia a dia. "Na hora em que a pessoa sai de casa, vai fazer uma compra, vai
pegar um ônibus. Enfim, tem uma consequência de longa duração naquilo que a
pessoa vai conseguir alcançar no seu projeto de vida."
O
diagnóstico mostra que, no Brasil. 55% das crianças ao final do 3° ano têm
proficiência inadequada em leitura e 54% em matemática. A Meta 5 do Plano
Nacional de Educação (PNE) é alcançar 0% em 2024.
"Os resultados [do diagnóstico] mostram a importância da alfabetização. E é importante perceber que o número de matrículas está caindo acentuadamente por causa da transição demográfica e porque estamos reduzindo a taxa de distorção idade/série", disse o economista. Ele acrescentou que, com isso, haverá cada vez menos crianças para ser alfabetizadas. "Com o aumento das funções docentes e da qualificação dos professores e com a estabilidade no gasto com a educação, vamos ter mais oportunidades para gerar uma alfabetização de melhor qualidade", afirmou o economista.
Barros ressaltou que, ainda assim, há municípios que conseguem alfabetizar com recursos muito limitados. "Mesmo assim, [essas cidades] conseguem ter um sistema muito resiliente e conseguem alfabetizar as crianças de maneira impressionante."
"Os resultados [do diagnóstico] mostram a importância da alfabetização. E é importante perceber que o número de matrículas está caindo acentuadamente por causa da transição demográfica e porque estamos reduzindo a taxa de distorção idade/série", disse o economista. Ele acrescentou que, com isso, haverá cada vez menos crianças para ser alfabetizadas. "Com o aumento das funções docentes e da qualificação dos professores e com a estabilidade no gasto com a educação, vamos ter mais oportunidades para gerar uma alfabetização de melhor qualidade", afirmou o economista.
Barros ressaltou que, ainda assim, há municípios que conseguem alfabetizar com recursos muito limitados. "Mesmo assim, [essas cidades] conseguem ter um sistema muito resiliente e conseguem alfabetizar as crianças de maneira impressionante."
Um desses
municípios é Sobral, no Ceará. Na reunião desta segunda-feira, o prefeito Ivo
Gomes falou sobre as experiências que Sobral fez para mudar as baixas taxas de
alfabetização nos municípios. Em 2000, a taxa de abandono escolar nos anos
iniciais era de 6,74% e de 21,14% nos anos finais. No ano passado, a taxa mudou
para 0% e 0,10%, respectivamente.
"O
município tem criado metas para que o aluno possa superar a média brasileira em
leitura, matemática e ciências", disse Ivo Gomes. Segundo o prefeito, o
município tem trabalhado no fortalecimento da gestão escolar e da ação
pedagógica e na valorização do magistério. "O professor é o coração do
sistema público de ensino", enfatizou.
Para Gomes, isso se deve à vontade de melhorar o ensino. "Na educação não há político, e sim políticas públicas", concluiu.
Para Gomes, isso se deve à vontade de melhorar o ensino. "Na educação não há político, e sim políticas públicas", concluiu.
Cooperação técnica
Durante o
evento, também foi assinado o termo de cooperação técnica entre o Instituto
Ayrton Senna e o Conselho Nacional da Educação para estudos de alfabetização
integral. "O Instituto e o CNE vão trabalhar juntos na perspectiva de
olhar para o futuro e nas diretrizes próximas veiculadas tanto na área de
educação infantil quanto na educação fundamental, naquilo que concerne à
alfabetização", disse o diretor de Articulação e Inovação do Instituto
Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.
Já o
presidente do Conselho Nacional de Educação, Luiz Robert Curi, ressaltou que o
termo vai atribuir aprendizado ao trabalho do CNE. "A presença do
Instituto Ayrton Senna no acordo irá atribuir ao nosso trabalho além de uma
imensa riqueza, um imenso aprendizado no contato com o conjunto da
sociedade", disse Curi.
Edição: Nádia Franco
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