PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR
QUE LÊ
Quem construiu a
Tebas de sete portas?
Nos livros estão
nomes de reis.
Arrastaram eles os
blocos de pedra?
E a Babilônia
várias vezes destruída —
Quem a reconstruiu
tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada
moravam os construtores?
Para
onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A
grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem
os ergueu? Sobre quem
Triunfaram
os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha
somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam
gritaram por seus escravos Na noite em que o mar a tragou.
O jovem
Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os
gauleses.
Não levava sequer
um cozinheiro?
Filipe da Espanha
chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém
mais chorou?
Frederico II
venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além
dele?
Cada página uma
vitória.
Quem cozinhava o
banquete?
A cada dez anos um
grande homem.
Quem pagava a
conta?
Tantas histórias.
Tantas questões.
LEMBRO
COM SAUDADE, do encantamento e maravilha quando li esse poema em HISTORIA DA
SOCIEDADE BRASILEIRA. Já conhecia Bertold Brecht, fiz seu teatro de resistência
numa outra vida. Neste período conheci José Mayer ainda franzino e de rabo de
cavalo na cabeça, a mesma voz
maravilhosa. Foi meu professor de Português, me animava na literatura e teatro
nos idos de 73. Mas só tempos depois tive acesso a tudo desse autor especial. Esse
poema é inquietador porque busca personagens que os livros de historia
desdenha. É lindo e preocupante. Cadê os outros?
Brecht em 1946
Bertolt
Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956)
foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.
Nascido Eugen
Berthold Friedrich Brecht, na Baviera, Brecht estudou Medicinae trabalhou
como ordenança num hospital em Munique, durante a Primeira Guerra Mundial.
Filho da burguesia sofreu, como todos no seu país, a sensação de encarar um
país completamente destruído pela guerra.
Depois
desta mudou-se para Berlim, onde o influente crítico Herbert Ihering lhe chamou
a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno.
Já
em Munique, as suas primeiras peças (Baal e Trommeln in der Nacht)
foram levadas ao palco e Brecht conheceu Erich Engel, com quem veio a
trabalhar até ao fim da sua vida. Em Berlim, a peça Im Dickicht der
Städte tornou-se no seu primeiro sucesso.
O totalitarismo afirmava-se como a força renovadora que não só iria reerguer o país, como se outorgava a missão de reviver o Sacro Império Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética, com sua bem-sucedida implantação de um regime socialista, o que significava esperança para um povo sofredor como o da Alemanha, naquele período.
O totalitarismo afirmava-se como a força renovadora que não só iria reerguer o país, como se outorgava a missão de reviver o Sacro Império Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética, com sua bem-sucedida implantação de um regime socialista, o que significava esperança para um povo sofredor como o da Alemanha, naquele período.
É a
este último grupo que Brecht se vai unir, na ânsia de debelar o seu desespero
existencial. No entanto, depois de Hitler, eleito em 1933, Brecht não
estava totalmente seguro na Alemanha Nazi, exilando-se na Áustria, Suíça,
Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e, finalmente, nos Estados
Unidos.
Recebeu
o Prémio Lenin da Paz, em 1954.
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