Ancine: investimento no
audiovisual para TVs públicas precisa ser aprofundado
05/05/2017
Cristina
Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
A decisão da Agência Nacional de Cinema (Ancine) de
investir no segmento de audiovisual para TVs públicas foi correta e precisa ser
aprofundada, pois estados e capitais assumiram a política de audiovisual como
elemento central da gestão cultural que desenvolvem. Segundo o
diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, isso foi algo demonstrado nos
debates feitos no Seminário de Desenvolvimento Regional do Audiovisual, Brasil
de Todos os Sotaques, promovido pela agência.
“[O investimento no audiovisual para TVs públicas]
nos dá a convicção de que temos um parceiro para aprofundar o processo de
nacionalização da política de audiovisual. Também a convicção de que as TVs
públicas seguem tendo papel fundamental”, disse Rangel.
O superintendente de Rede de Comunicação Pública da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Fernando Luz de
Azevedo, disse que a atuação institucional da empresa, observa onze princípios
dos serviços de radiodifusão pública e apontou, entre eles, a
complementariedade do sistema privado com o público estatal, pluralidade de
fontes de produção e de distribuição de conteúdo, valores éticos e autonomia.
TV digital
O diretor-geral do Instituto de Radiodifusão
Educativa da Bahia, Flávio Gonçalves, disse que é preciso haver investimentos
nas emissoras públicas que não têm condição de comprar os equipamentos para a
passagem do sistema de transmissão da TV analógica para a TV digital. Se isso
não ocorrer, alertou Gonçalves, um dos impactos pode ser o comprometimento da
rede de transmissão da TV Brasil, da EBC, porque as
emissoras educativas e culturais do país que não se modernizarem deixarão de
ser transmitidas.
“Esse investimento é urgente. Algumas poucas
emissoras já conseguiram fazer este investimento, como é o caso da TVE da
Bahia, mas isso não é comum. A maior parte das emissoras não conseguiu fazer
ainda a compra desses equipamentos”, disse Gonçalves, acrescentando que parte
dos recursos para a compra dos equipamentos pode sair do Fundo de Fomento à
Radiodifusão Pública.
O diretor-presidente da Ancine diz que outro
impacto caso não seja feita a conversão é que os investimentos feitos em
projetos de audiovisual se tornarão ineficientes porque não poderão ser
exibidos se a emissora não for digital. “De nada adiantam os investimentos que
o Fundo Setorial do Audiovisual faz em conteúdo para grades das TVs públicas se
elas não migrarem para o digital no momento em que os sinais analógicos estão
sendo desligados em várias praças”, disse.
Segundo Rangel, a terceira edição do edital do
Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Audiovisual (Prodav) para TVs Públicas
prevê investimentos de R$ 60 milhões e depende de um acerto administrativo com
a EBC, parceira no projeto, para ser divulgado. Ele também anunciou que
haverá uma quarta edição do Prodav para este segmento.
Editais
Durante o seminário, as secretarias estaduais, e
algumas municipais, comentaram sobre editais e políticas culturais feitas por
estados e municípios especificamente para a área do audiovisual. O secretário
de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja, disse que para continuarem, os
investimentos nas ações culturais têm que fazer parte de um projeto político e,
diante da falta de recursos para cobrir todas as necessidades, precisam ser
pactuados com os diversos segmentos da sociedade envolvidos.
Pernambuco é um dos pólos do novo cinema
brasileiro, com a produção de filmes como O Som ao Redor e Aquarius,
de Kleber Mendonça Filho, Tatuagem, de Hilton Lacerda, Eles Voltam,
de Marcelo Lordello, e Febre do Rato, de Cláudio Assis. “Tem que ter
projeto político, senão não há uma movimentação suficiente, tem que ter
dinheiro e tem que ter pactuação. No caso de Pernambuco foi vital. A própria
elaboração da lei do audiovisual foi resultado desse debate constante”, disse
Granja.
A secretária municipal de Cultura do Rio de
Janeiro, Nilcemar Nogueira disse que a prefeitura carioca vai lançar um edital
de fomento a projetos audiovisuais na cidade, mas ainda não é possível avaliar
de quanto será. “Somente poderemos nos comprometer no segundo semestre, porque
estamos tendo um problema contínuo de queda de arrecadação no Rio de Janeiro”,
disse, acrescentando que a prefeitura está desenvolvendo um projeto para
equipar auditórios de escolas públicas para que possam ser locais de exibição
de audiovisuais.
O presidente da Associação Brasileira de Televisão
Universitária, Fernando Moreira, disse que as universidades, além de fazerem a
formação de profissionais de produção de audiovisuais precisam começar a
discutir a criação de cursos para a formação de gestores do setor. “A gestão é
que vai fazer com que o mercado se profissionalize”, disse.
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