Exposição
mostra parceria entre Ziraldo e Drummond e marca aniversário do poeta
- 31/10/2017 05h47
- Rio de Janeiro
Paulo
Virgilio - Repórter da Agência Brasil
Estátua
de Drummond na Praia de Copacabana -Tomaz Silva/Arquivo Agência Brasil
Entre 1979 e 1981, o poeta Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987) publicou, na coluna que mantinha no Caderno B
do Jornal do Brasil, frases relâmpago cheias de humor que retratavam, de
forma crítica, o país na época, e às quais deu o nome de “pipocas”. Admirador e
amigo do poeta, o escritor e caricaturista Ziraldo percebeu que as sátiras eram
charges em potencial, faltando apenas associar desenhos às palavras.
Os dois autores concordaram em
juntar texto e traço, e dessa união resultou o livro O pipoqueiro da esquina,
publicado em 1981 pela editora Codecri. Trinta e seis anos depois, a parceria
entre o poeta e o chargista, ambos mineiros, é lembrada pelo Instituto Moreira
Salles do Rio de Janeiro (IMS Rio), que inaugura nesta terça-feira (31), dia do
aniversário de Drummond, uma exposição com 30 dos desenhos originais guardados
por Ziraldo em seu ateliê.
Saiba Mais
A mostra O pipoqueiro da
esquina apresenta também bilhetes, cartas, poemas e outras peças que contam
um pouco da amizade entre os dois mineiros. A curadoria é de Eucanaã Ferraz,
consultor de literatura do IMS, e o projeto expositivo da cenógrafa e cineasta
Daniela Thomas, filha de Ziraldo.
Para Eucanaã Ferraz, o senso de
humor é uma das marcas que definem a escrita de Carlos Drummond de Andrade,
desde sua estreia em livro, com Alguma poesia (1930). Do mesmo modo, a
atenção voltada para o fato cotidiano, como atestam versos do poema Mãos
dadas: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a
vida presente”.
“Esse desejo radical de
compreensão do seu tempo e dos seus contemporâneos faz ver o espírito de
cronista que ganhou corpo numa ininterrupta colaboração com a imprensa”, diz o
curador. Ele lembra que Ziraldo, por sua vez, sempre foi um apaixonado pela
literatura, como comprova sua brilhante carreira de escritor.
“A parceria dos dois oferece-nos,
sobretudo, retratos de um certo Brasil - alguns, sob muitos aspectos,
infelizmente, atual, mas é também um elogio à amizade, ao diálogo e à liberdade”,
resume Eucanaã Ferraz.
Antes da abertura da exposição,
às 19h, para convidados, haverá, das 16h às 18h, a atividade Arquiteturas de
si, em torno dos poemas de Drummond e a casa do IMS Rio. A partir da leitura de
poemas e de uma visita à casa, os participantes poderão criar uma arquitetura
de si mesmos, relacionando conteúdos subjetivos e concretos. A atividade é
gratuita e para pessoas a partir de 14 anos.
A exposição O pipoqueiro da
esquina fica em cartaz até 18 de fevereiro de 2018 e pode ser visitada de
terça-feira a domingo, das 11h às 20h. O Instituto Moreira Salles do Rio de
Janeiro fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea, zona sul da cidade.
Edição: Davi
Oliveira