Sunday, December 24, 2017

Madrugadas solitárias, de confissão e ausencias, de reais necessidades



MADRUGADAS MOLHADAS

Úmidas madrugadas









Amo todas as madrugadas.  É renovação
É esperança
E reflexão
De segundos, de vidas.
Amo e detesto as madrugadas
Solitárias ( um dia pesam)...
Adoro as madrugadas molhadas
Com chuva ou sêmen
Discretas
Sussurradas
Duras
Viradas
Amo as madrugadas molhadas

Assusta-me cada vez mais as madrugadas solitárias
E eu sem entender como
Mesmo após tantos anos elas insistirem em serem solitárias
E eu viver todas tão conformado
Sem você ao meu lado.

Mesmo sozinho e cada vez mais compreendendo que jamais terei você ao meu lado
Amo as madrugadas, todas.
Especialmente as molhadas
Gemidas
Chuvarentas
Porque me permitem lembrar a felicidade
A renovação e a continuidade
Amo estar ainda lucido; vivo
e mesmo solitário

Vivendo mais um amanhecer
Mesmo que molhado



Amo esse poema. Como autor reflito um sentimento que sempre temi, desde jovem, adolescente. Nasci para ser solitário, viver casos perdidos, relações pela metade, explorações ocasionais e oportunistas. Nesse momento estou miseravelmente só, o dia inteiro sem uma palavra. Acho ótimo, mas hoje estou triste por estar vivendo mais um dia molhado, seria só grana a vida?

Tuesday, October 31, 2017

Salve Minas



Exposição mostra parceria entre Ziraldo e Drummond e marca aniversário do poeta

  • 31/10/2017 05h47
  • Rio de Janeiro
Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil

 Estátua de Drummond na Praia de Copacabana -Tomaz Silva/Arquivo Agência Brasil







Entre 1979 e 1981, o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicou, na coluna que mantinha no Caderno B do Jornal do Brasil, frases relâmpago cheias de humor que retratavam, de forma crítica, o país na época, e às quais deu o nome de “pipocas”. Admirador e amigo do poeta, o escritor e caricaturista Ziraldo percebeu que as sátiras eram charges em potencial, faltando apenas associar desenhos às palavras.

Os dois autores concordaram em juntar texto e traço, e dessa união resultou o livro O pipoqueiro da esquina, publicado em 1981 pela editora Codecri. Trinta e seis anos depois, a parceria entre o poeta e o chargista, ambos mineiros, é lembrada pelo Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS Rio), que inaugura nesta terça-feira (31), dia do aniversário de Drummond, uma exposição com 30 dos desenhos originais guardados por Ziraldo em seu ateliê.

Saiba Mais
A mostra O pipoqueiro da esquina apresenta também bilhetes, cartas, poemas e outras peças que contam um pouco da amizade entre os dois mineiros. A curadoria é de Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e o projeto expositivo da cenógrafa e cineasta Daniela Thomas, filha de Ziraldo.

Para Eucanaã Ferraz, o senso de humor é uma das marcas que definem a escrita de Carlos Drummond de Andrade, desde sua estreia em livro, com Alguma poesia (1930). Do mesmo modo, a atenção voltada para o fato cotidiano, como atestam versos do poema Mãos dadas: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”.

“Esse desejo radical de compreensão do seu tempo e dos seus contemporâneos faz ver o espírito de cronista que ganhou corpo numa ininterrupta colaboração com a imprensa”, diz o curador. Ele lembra que Ziraldo, por sua vez, sempre foi um apaixonado pela literatura, como comprova sua brilhante carreira de escritor.

“A parceria dos dois oferece-nos, sobretudo, retratos de um certo Brasil - alguns, sob muitos aspectos, infelizmente, atual, mas é também um elogio à amizade, ao diálogo e à liberdade”, resume Eucanaã Ferraz.

Antes da abertura da exposição, às 19h, para convidados, haverá, das 16h às 18h, a atividade Arquiteturas de si, em torno dos poemas de Drummond e a casa do IMS Rio. A partir da leitura de poemas e de uma visita à casa, os participantes poderão criar uma arquitetura de si mesmos, relacionando conteúdos subjetivos e concretos. A atividade é gratuita e para pessoas a partir de 14 anos.

A exposição O pipoqueiro da esquina fica em cartaz até 18 de fevereiro de 2018 e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 11h às 20h. O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea, zona sul da cidade.
Edição: Davi Oliveira
 


Saturday, October 14, 2017

Boa música



“Eu cheguei à alma das pessoas”, diz Lenine em entrevista à TV Brasil

  • 13/10/2017 13h12
  • Brasília
Da Agência Brasil 




O cantor pernambucano Lenine é o entrevistado do programa Conversa com Roseann Kennedy da próxima segunda-feira (16) TV Brasil 



O cantor e compositor Lenine é o entrevistado da próxima segunda-feira (16) do programa Conversa com Roseann Kennedy, da TV Brasil.

 Com mais de 30 anos de carreira e 14 álbuns lançados, Lenine se define como um colecionador de palavras e revela que as raízes pernambucanas estão sempre presentes em seu trabalho. “A gente tem essa coisa no Nordeste com o repente e as diversas modalidades do repente, essa possibilidade de você ter a rima dentro da rima, dentro da rima. Então isso é muito fascinante. As palavras são 50% do meu trabalho”.

Ganhador de cinco prêmios Grammy Latino e nove Prêmios da Música Brasileira, Lenine é engajado em assuntos políticos e de cunho ambiental e diz que sente liberdade e independência para fazer sua própria leitura da história.

“Todas as minhas canções são crônicas. Todas as minhas canções são reportagens. A partir do meu olhar evidentemente. Então, isso tudo me dá a sensação de que eu estou, de alguma maneira, fazendo história, através do meu olhar. Eu fico achando que daqui a 100 anos alguém pegue um disco meu e consiga compreender um pouco como era o tempo onde eu vivia.”

Ao relembrar o papel que a música ganhou desde cedo em sua vida, Lenine relata um episódio vivido na infância quando seu pai deu aos filhos o direito de escolher como se conectar com Deus. “A gente acompanhava a minha mãe à Igreja, ela ia à igreja todos os domingos, mas aos 8 anos de idade meu pai permitia aos filhos escolher que maneira se conectar com o divino. Ele dizia: 'Sua mãe prefere a igreja. Papai prefere a música. Vocês escolhem a partir de hoje.' Minha mãe perdeu todos os seus parceiros.”
A partir daí, durante todo o tempo que durava a missa, a família ficava em casa ouvindo música. “Acho que isso foi a minha grande universidade, a minha grande escola de música, que era ouvir bastante.”

Sobre o atual momento vivido no Brasil e no mundo, Lenine diz ter esperanças de que as pessoas aprendam com os próprios erros.

“Eu acho que a humanidade está precisando aumentar a turma do bem. Não é furo jornalístico as coisas que estão fazendo em benefício do ser humano. Só é furo jornalístico, o que dói, o que traumatiza, o que é morte. A gente está num momento com o país vivendo essa descrença generalizada, esse descrédito incrível entre os três Poderes. E isso dá uma angústia muito grande. Mas eu não sou desesperançoso, não. Acho que a gente tem possibilidade de aprender com os erros.”

Lenine diz que percebe a música como um instrumento de transformação. “Eu procuro a cada dia melhorar como ser humano. E eu acho que melhorar significa ter paciência, ouvir o outro”, afirma.

“Eu brinco dizendo que eu faço MPB - Música Planetária Brasileira. É tão bacana quanto compositor ver esse tipo de penetração, esse tipo de profundidade que a música me deu nas pessoas. Eu cheguei à alma das pessoas”.

O programa Conversa com Roseann Kennedy vai ao ar na próxima segunda-feira (16), às 21h30, na TV Brasil.
Edição: Lílian Beraldo