Arquitetura
moderna e luminosidade inspiram fotógrafo em mostra sobre Brasília
- 20/04/2016 07h06
- Brasília
Marieta
Cazarré - Repórter da Agência Brasil
Exposição Hiperfoto-Brasília, no Museu Nacional da
República, faz parte das comemorações do aniversário da cidade Elza
Fiúza/Agência Brasil
O fotógrafo francês Jean François
Rauzier conta que, após visitar Brasília, sua arte tomou novos rumos. A
arquitetura moderna, a luminosidade, as esplanadas e eixos viários “esvaziados”
de pedestres foram algumas das características da capital que trouxeram,
segundo o artista, um sopro de juventude ao seu trabalho.
Na exposição Hiperfoto-Brasília, que
faz parte das comemorações do aniversário da cidade e será aberta hoje (20), o
público poderá ver 31 obras que retratam a cidade sob uma perspectiva diferente
da habitual. Com um trabalho minucioso de colagem, a partir de milhares de
fotos, Rauzier constrói paisagens hiper-realistas a partir de monumentos,
jardins, prédios e pedestres.
O fotógrafo diz que as hiperfotos
são mais reais do que a própria realidade. “Uma fotografia, por exemplo,
retrata só um ponto de vista mas, com as hiperfotos, você vê vários pontos de
vista, vários detalhes, em uma única obra”.
Para Wagner Barja, diretor do
Museu Nacional da República, onde está a exposição, a obra de Rauzier traz,
além da monumentalidade de Brasília, aspectos que remetem à história da arte e
referências a grandes artistas clássicos europeus, “montando uma espécie de
inventário sobre a cidade”.
Rauzier contou à Agência
Brasil que ficou surpreso ao perceber que os jardins da capital e muitos
monumentos são ocupados, basicamente, por jardineiros e seguranças, que
trabalham diariamente na preservação dos locais.
Inspirado por essa constatação, o
fotógrafo compôs um painel de 20 metros de comprimento, onde cria um retrato
desses trabalhadores, inseridos em imagens da capital. “Os jardineiros são como
pessoas guardando o templo da cidade e graças a eles [a cidade] não está
totalmente deserta”.
O artista diz que para cada obra
utiliza entre 800 e 1.200 fotos. Ele tem uma equipe de auxiliares que trabalham
as imagens, retirando digitalmente todos os elementos que Rauzier não irá
utilizar. Carros e pessoas, por exemplo, são excluídos. Depois, ele começa o
processo de montagem e composição.
Rauzier, que tem influências do
cubismo, do surrealismo, do mosaico e do barroco, também utiliza animais e
vegetação nas suas composições. O artista cria mundos oníricos, que oferecem
uma reflexão sobre temas como progresso, opressão, liberdade e ecologia.
“É meu jeito de mostrar como a
vegetação está ocupando a cidade de maneira diferente. E gosto de colocar
animais pois me remete à infância e às fábulas de La Fontaine. Além disso, em
Brasília não vemos muitas pessoas pois elas estão em seus carros”, observa.
Outro elemento que se repete em
várias obras de Rauzier é um homem de chapéu. Segundo o artista, a presença do
personagem propicia ao público a noção da escala das obras e convida as pessoas
a entrar em suas fotografias.
Rauzier já fez uma exposição de
hiperfotos no Rio de Janeiro, com imagens da capital fluminense. Depois de
Brasília, seu projeto segue para Salvador e São Paulo, com fotos dessas
cidades.
Em Brasília, a exposição está no
Museu Nacional da República até o dia 5 de junho. A visitação é gratuita, de
terça a domingo, das 9h às 18h30. O Museu Nacional fica na Esplanada dos
Ministérios.
Além das hiperfotografias, o público
poderá assistir a vídeos sobre o processo de criação das obras do artista.
Edição: Graça
Adjuto