Monday, March 25, 2019

Livros Publicados


Narrativas não expressam diversidade brasileira, dizem escritoras
Publicado em 23/03/2019 - 20:01
Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil São Paulo

Movimento na abertura da 34ª Feira do Livro de Brasília.

Mais de 70% dos livros publicados no Brasil entre 2005 e 2014 são de homens, com uma predominância de 97,5% de autores brancos, revela pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília (UNB). Para escritoras brasileiras, o dado expressa uma realidade sentida por autoras que reivindicam “narrativas a partir de outras vozes”. “A gente escreve sobre um universo que nos é familiar. Como essa literatura feita hoje chega a um leitor que não se identifica com esse universo’’. Questionou a escritora Ana Maria Gonçalves, autora de “Um defeito de cor”.

Ela participou esta semana em São Paulo, junto com a também escritora Bianca Santana e a chilena Sara Bertrand, do Seminário Leitura e Escrita: lugares de fala e visibilidade, no qual debateram sobre o tema “Direitos Humanos e Literatura”. “A gente luta pela diversidade dessas histórias, dessas mulheres e homens negros que estão aí tentando fazer uma literatura, que dificilmente vai chegar até vocês. É algo que tem que ir atrás. Quando você quer só ler mulheres negras, tem que ir atrás, perguntar, não é espaço fácil. Outras histórias precisam ser contadas”, disse Ana Maria.
Sara Bertrand também enfatiza a necessidade de uma literatura plural. “Existe um coro de vozes que merecem ser escutados. Merecemos. O mundo talvez fosse diferente se deixassem de temer a linguagem e começarmos a entender a causa desse medo, medo de começar a escutar as mulheres, os homossexuais”, disse a autora de “A mulher da guarda”. Nascida na ditadura chilena (1973-1990), a escritora aponta que essa experiência marca sua escrita. “Não vejo distinção entre o que escrevo a partir da memória, da identidade e a pergunta ‘para onde vai a humanidade? ’”.
Trajetórias
As autoras destacam a importância da própria trajetória na construção das narrativas. Um defeito de cor foi um livro chave na formação da minha identidade. A gente que tem essa identidade mestiça no Brasil, minha mãe é negra e meu pai é branco, desde muito cedo as pessoas te incentivam a abandonar essa negritude”, relatou. Ela conta que ao escrever este livro buscou histórias que não teve acesso. “Uma história que me foi negada historicamente, socialmente, culturalmente e que me foi negada a ponto de quererem que eu não seja parte desse lado”, explicou. A obra é sobre uma africana idosa e cega que viaja ao Brasil em busca do filho perdido há décadas.

Bianca Santana conta que também trouxe de suas experiências e da “necessidade de saber” a base para a sua escrita. “Veio da necessidade de saber as histórias de qualquer coisa que não sei o que é. Gosto muito de ouvir histórias”. Ela relembrou episódios da infância em que ficava fascinada pelo mundo dos livros, mas que estranhava histórias distantes da sua realidade. “Lembro de perguntar muito para minha mãe e avó: ‘Mas é as histórias indígenas? ’. Não tinha tanto acesso à informação. E elas falavam: ‘Mas índio não escreve, menina. Que bobagem! ’”, contou.
Pesquisa
O levantamento desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) revela também que mais de 60% dos autores moram no eixo Rio-São Paulo. A pesquisa, que traça um panorama dos romances brasileiros, analisa três períodos: de 1965 a 1979, de 1990 a 2004 e 2005 a 2014. Em relação ao sexo dos autores, percebe-se que há um pequeno avanço na participação feminina entre o segundo (27,3%) e o terceiro período (29,4%). O percentual na década de 1970 era de 17,4%. Em relação à questão racial, a participação de brancos se ampliou, passando de 93% de 1965 a 1979, chegando a 93,9% de 1990 a 2004 e alcançando 97,5% de 2005 a 2014.
Para a coordenadora do estudo Regina Dalcastagnè, professora do Departamento de Teorias Literárias e Literaturas da UNB, os dados demonstram que o racismo estrutural na sociedade brasileira também está presente no meio literário. “O racismo, quando não exclui simplesmente, dificulta o acesso dos negros a todos os espaços legitimados de produção e enunciação de discursos – espaços de poder, em suma. Não se trata de acusar um editor ou outro de ser racista ao não publicar autores negros, é mais complexo que isso, e por isso mesmo é pior”.
Ela avalia que o campo literário – formado por escritores, editores, críticos, professores, jornalistas, curadores, bibliotecários, leitores – aceita “muito mal a produção de autores negros”. “Quando muito, coloca-a em um nicho para evitar que se misture à Literatura com ‘l’ maiúsculo, aquela coisa que não teria cor, sexo, classe, orientação sexual, idade”, apontou. Para a pesquisadora, no entanto, esse contexto vem, aos poucos, se alterando. “Nunca tivemos tantos escritores negros e negras produzindo e sendo lidos – é preciso lembrar que o acesso dos negros ao letramento no Brasil foi muito tardio e que o acesso às universidades é recentíssimo”.
Regina Dalcastagnè avalia que redes sociais, publicações independentes, coletivos de escritores, pequenas editoras têm apontados novos caminhos na democratização da literatura. “O caminho não parece ser o das grandes editoras, das grandes livrarias e da grande mídia”.
Saiba mais

Edição: Valéria Aguiar

Wednesday, March 20, 2019

Físico Brasileiro


Físico brasileiro recebe Prêmio Templeton de 2019
Marcelo Gleiser tem 60 anos e é também escritor e físico
Publicado em 20/03/2019 - 08:50
Por Agência Brasil Brasília

O físico teórico e cosmologista Marcelo Gleiser, de 60 anos, é o vencedor do Prêmio Templeton de 2019. Autor de vários livros que tratam de ciência, física e espiritualidade, ele defende a discussão sobre a busca de pesquisas em torno do universo e questões ligadas à religião. Já foram agraciados Madre Teresa, em 1973, e Dalai Lama, em 2012.
Marcelo Gleiser é também professor, escritor e roteirista brasileiro, atualmente pesquisador da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos.

Marcelo Gleiser
Marcelo Gleiser é autor de vários livros que tratam de ciência, física e espiritualidade  (Divulgação Reuters / Direitos reservados)

Professor de filosofia natural de Appleton e de física e astronomia no Dartmouth College em Hanover, New Hampshire, Gleiser ganhou reconhecimento internacional por meio de livros, ensaios, blogs, documentários de TV e conferências que apresentam a ciência como uma busca espiritual.
Campos quânticos
Por 35 anos, a pesquisa do físico inclui uma vasta lista de temas como o comportamento de campos quânticos e partículas elementares até a cosmologia do universo primordial, a dinâmica das transições de fase, a astrobiologia e novas medidas fundamentais de entropia e complexidade baseadas em informações.
O texto de divulgação do Prêmio Templeton descreve Gleiser como “uma voz proeminente entre os cientistas, do passado e do presente, que rejeitam a noção de que apenas a ciência pode levar a verdades fundamentais sobre a natureza da realidade”.
Nas entrevistas, o físico costuma descrever a ciência como um "compromisso com o misterioso" inseparável da relação da humanidade com o mundo natural.
O Prêmio Templeton é uma condecoração anual, atribuída pela Fundação John Templeton, criada em 1972, e entregue a pessoas que contribuíram de forma “excepcional” para a afirmação da dimensão espiritual da vida por meio de ações e trabalhos práticos.

Edição: Kleber Sampaio

Monday, March 11, 2019

Bolsa de estudo



MEC divulga lista de espera do Pro Uni para faculdades
São ofertadas 243.888 bolsas de estudo em 1.239 instituições
Publicado em 11/03/2019 - 09:00
Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Brasília 



 
O Ministério da Educação (MEC) divulga hoje (11) a relação dos candidatos participantes da lista de espera. A lista será disponibilizada para consulta pelas instituições de ensino superior.

Todos os candidatos participantes da lista terão de comparecer às instituições nas quais estão pleiteando uma vaga, para apresentar a documentação que comprove as informações prestadas na inscrição. O prazo para que isso seja feito é 12 a 13 de março.

A lista de espera será usada pelas próprias instituições, que irão convocar candidatos para o preenchimento das bolsas remanescentes.

Os estudantes que não garantiram uma bolsa de estudos puderam manifestar interesse em participar da lista na semana passada, até sexta-feira (8).

ProUni
Ao todo, 946.979 candidatos se inscreveram na primeira edição do ProUni deste ano, de acordo com o MEC. Como cada candidato podia escolher até duas opções de curso, o número de inscrições chegou a 1.820.446.

Nesta edição são ofertadas 243.888 bolsas de estudo em 1.239 instituições particulares de ensino. Do total de bolsas, 116.813 são integrais e 127.075, parciais, de 50% do valor das mensalidades.

O ProUni concede bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. Em contrapartida, o programa oferece isenção de tributos às instituições que aderem ao programa.

Os estudantes selecionados podem pleitear Bolsa Permanência, para ajudar nos custos dos estudos, e usar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para garantir parte da mensalidade não coberta pela bolsa do programa.

Edição: Valéria Aguiar