Brasil
registra recorde de lançamentos de filmes nacionais em 2017
Público porém, chega ao menor nível desde 2009
Publicado
em 26/10/2018 - 16:15
Por Letycia
Bond – Repórter da Agência Brasil Brasília
Em 2017, o Brasil atingiu novo
recorde de lançamento de filmes nacionais em cinemas de todo o país. Segundo o Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro,
divulgado esta semana pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), ao todo foram
exibidos nas salas de cinema comerciais 160 longas-metragens brasileiros, 18 a
mais que no ano anterior, quando foram exibidos 142 produções.
Do total de filmes lançados no
ano passado, 56,8% (91) pertenciam ao gênero de ficção, 38,7% (62) eram
documentários e sete, animações (4,37%).
Conforme mostra o relatório, a
disparidade entre as bilheterias de obras nacionais e estrangeiras se repete
todos os anos. No ano passado, o número de ingressos vendidos (17.358.513) para
filmes nacionais correspondeu a 9,6% do total (181.226.407), o pior desempenho
da série histórica da Ancine, iniciada em 2009. Os dados mostram que em 2010 os
filmes assinados por cineastas brasileiros conquistaram seu maior público, com
quase um quinto (19,1%) de todas as entradas comercializadas.
Democratização da cultura
Em nove anos, o número de salas
de cinema no país passou de 2.110, para 3.223. De acordo com o relatório, houve
consistência na ampliação de salas nos municípios com mais de 100 mil
habitantes e, ainda, uma surpresa, que consistiu o aumento da quantidade de salas
em cidades entre 20 mil e 100 mil habitantes, fato que não ocorria desde 2014.
Importante espaço de cultura e
arte, o cinema, entretanto, ainda permanece como uma estrutura inacessível para
grande parte da população. Somente 10,7% das salas de exibição mantêm seu
funcionamento de forma independente de complexos comerciais, ou seja, são
classificadas como cinemas de rua. O restante (89,3%) está localizado no
interior de shopping centers.
O encarecimento do preço dos
ingressos no país também pode ser um fator que explica a queda de público. Em
2013, o valor médio da entrada era R$ 11,73, subindo, nos anos subsequentes,
para R$ 12,57, R$ 13,59, R$ 14,10 e R$ 15, no ano passado.
No relatório, as unidades
federativas são avaliadas conforme a relação entre o número de habitantes por
salas de cinema disponíveis. Distrito Federal (34.539), Roraima (34.842) e São
Paulo (43.654) aparecem no topo da lista, enquanto os estados que apresentam as
piores proporções são Bahia (144.759), Pará (126.767) e Piauí (123.818). A média
no Brasil é de 64.431 habitantes por sala. Já nos Estados Unidos, para cada
grupo de 8.056 pessoas, há uma sala de exibição.
Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro - Relatório
Ancine/repródução
Perfil dos cineastas
Outra informação trazida pelo
anuário diz respeito ao perfil dos cineastas no país. Durante os anos
analisados, nota-se que, apesar de a participação de diretores de cinema não
estreantes (que já lançaram ao menos um longa-metragem) e estreantes serem
equitativas no contexto geral, as produções nacionais geralmente não dão chance
aos realizadores novatos.
Os números mostram, porém, uma
queda na bilheteria de filmes dirigidos por cienastas mais experientes. Em
2014, os diretores não estreantes cativaram 90,5% do público; em 2015, 91,9%;
em 2016, 51,7%; e finalmente, no ano passado, 65,8%.
Em 2017, os estreantes conquistaram
53,1% das cadeiras de direção de longas do circuito comercial. De todos os
filmes lançados, somente 36 (22,5%) tiveram diretoras mulheres, sendo que em 11
produções elas dividiram a função com um homem.
Além disso, 22 dos 160 títulos
brasileiros lançados foram produzidos em regime de coprodução com outros
países, entre os quais estão Argentina, Alemanha, Espanha e França.
Mais exibidos e mais vistos
Segundo a Ancine, o filme
brasileiro mais visto no ano passado foi Minha Mãe é uma Peça 2,
reproduzido em 1.043 salas. Colocá-lo em destaque na programação dos cinemas
pode ter colaborado para ter a bilheteria de maior sucesso no ano. Ao todo, 5
milhões de ingressos foram vendidos para o filme .
"Em 39 das 52 semanas
cinematográficas do ano de 2017, havia pelo menos um título estrangeiro
ocupando simultaneamente mais de 30% das salas do parque exibidor. Desde 2014
essa quantidade de semanas vem aumentando. Apenas em uma semana um título
brasileiro chegou a ocupar essa quantidade de salas", destacou a Ancine em
seu anuário.
A agência destaca que, entre os
títulos lançados no ano passado, 4,1% ocuparam mais de 30% das salas e que essa
parcela de filmes absorve 57,4% do público. A maior parte dos lançamentos
(55,5%) ocorreu em menos de 1% das salas de todo país.
Edição: Denise
Griesinger